sábado, 31 de dezembro de 2022

A origem e as múltiplas "intermitências" do apelido (sobrenome) Serzedello - Serzedelo

A origem e as múltiplas "intermitências" do apelido (sobrenome) Serzedello - Serzedelo

- atualizado -  

"(...) o meu avô chamava-se Antonio Luiz Serzedelo , não sei os outros sobrenomes; é português. O meu pai

chama-se Pedro Luiz Duarte Silva Serzedelo de Almeida" (...)", 1º - porque há TANTA gente com o sobrenome Serzedelo ou Serzedello, 2º, um amigo do cartório disse-me que muitos simplesmente acrescentam o nome Serzedello sem laços sanguíneos; pedi para ele verificar isso e ele me disse que ha um numero de pessoas com o sobrenome Serzedelo que seus antepassados nao eram Serzedelo, 3º, onde permenece o nucleo da familia, digamos assim, quem é realmente Serzedelo(ll)"...

    -   Serzedello de Almeida e Serzedello Dentinho de Almeida são, de facto, dois dos muitos ramos descendentes dos Pereira Serzedello em Portugal e no Brasil. A "prima" (e avó) Manuela Netto Rocha tem este(s) ramo(s) muito bem estudado(s) na sua árvore genealógica que pode ser encontrada tanto no My Heritage como no/a Geni. Há muita gente com o sobrenome Serzedello tanto cá como lá porque eram famílias "profícuas", muitos dos descendentes rumaram em força para o Brasil ao longo de mais de um século, onde se foram radicando (os Serzedello não cumprem o padrão do chamado Brasileiro de Torna Viagem) pelo menos ao longo de 80 anos onde, uns atrás dos outros, foram criando os seus negócios. Tampouco acredito que houvesse quem colasse o apelido Serzedello na sua cédula, sem mais, perlo contrário. São muitos os casos e ramos de Serzedello - Serzedelo que perderam o apelido e nem temos como o saber. Apenas se conhecem alguns casos, porque publicam a sua genealogia (é o caso da família Silveira - Villa-Lobos, por exemplo). Estou em crer que os tais Serzedelo que o amigo do Cartório lhe referiu como apossando-se do apelido sem laços de consanguinidade se inscrevem nesta explicação abaixo:

Datando de 1860/1870 o movimento (e a "sociedade" com esse mesmo nome e desígnio) para a Criação do Registo Civil e que era comum a Portugal e ao Brasil, no Brasil terá conseguido o seu objectivo a partir da 1870/1880 (aliás, em termos administrativos o Brasil estará desde o séc. XIX uma "época" - 30 a 40 anos - à frente de Portugal) mas em Portugal só após a implantação da República é que os registos respeitantes à população civil deixaram de ser efectuados e "conservados" nos cartórios paroquiais. Por ordem legislativa da "República", a partir de Abril de 1911 passou a existir Registo Civil, conduzindo às Conservatórias como hoje as conhecemos. Até lá, esse "cartório" (nascimentos, casamentos, óbitos, testamentos, etc.) estava exclusivamente confiado à Igreja, sem uma matriz civil e administrativa definida e igual para todo o território, vagamente orientada por duas ou três leis régias em dois séculos e sem outra ou supervisão continuada que não fosse a das Dioceses, prosseguindo essas os interesses "notarial" da Igreja e satisfazendo mal ou "diagonalmente" o registo o civil ou administrativo. Sendo cada pároco, na sua respectiva paróquia, ao mesmo tempo o conservador e o "escrivão" desse notário; sendo "suas" as regras de assento ou registo, os livros paroquiais revelam bem quer as variações de humor quer de ideologia social do "escrivão-conservador", além de ao longo de um mesmo livro de assentos serem bem visíveis as mudanças de pároco e "ideologia".

Variando ainda este "notário" com o meio ou região e a maior ou menor importância social de cada família em cada específico local, os Serzedello, tal como aconteceu com muitos outros, foram mantendo ou "deixando cair" o sobrenome: Em Lisboa e no Brasil manteve-se até hoje, apenas se perdendo nos casos em que os casamentos (e a lotaria/predominância de sobrenomes dos nubentes) vai atribuindo outros apelidos aos descendentes, como será o caso dos descendentes do ramo Serzedello-Pressler, por exemplo. No norte de Portugal (Póvoa de Lanhoso ou Amares e Braga) são ainda os próprios indivíduos ou o padre (ou ambos) que o "deixam cair" em vida. O caso mais significativo pode ser compilado nos sucessivos assentos paroquiais, da família de José Joaquim Barbosa Serzedello (Amares, Portugal): nascido e baptizado Barbosa Serzedello, irmão mais velho de Bento José Barbosa Serzedello, depois de ter estado até por volta de 1862 no Brasil, onde esteve estabelecido como negociante, regressou a Portugal viúvo,  (tinha casado com uma prima igualmente Serzedello, enviuvou muito cedo e com 33 anos regressou a Amares), tendo voltado a casar. No assento deste seu casamento com Olívia Vieira da Cunha, efectuado em Amares, mantêm-se os apelidos Barboza Serzedello, assim como se mantêm nos assentos de nascimento dos seus primeiros filhos, António José, Elvira Cândida e José Joaquim. Mas do quarto filho em diante o seu nome completo passa a ser escriturado como José Joaquim Barbosa (porque se deixa cair o Serzedello?). De adultos, os seus filhos assumem como nome completo Fulano Vieira (da mãe) Barbosa (do pai). Mas e tal como já tinha acontecido nas gerações dos seus pais e avós, quase todos foram para o Brasil onde se radicaram e aí chegados, recuperaram imediatamente o apelido Serzedello porque integravam uma vasta família conhecida e respeitada sob esse sobrenome (já vimos que no início de 900 eram já centenas os Serzedello estabelecidos no Brasil, para onde foram, senão mais cedo, logo nas primeiras décadas de 800). 
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grande parte dos lugares que constam nos registos desde seiscentos, continuam a ter o mesmo nome; vão lá 400 anos...
Um dos casos desta intermitência do sobrenome é - entre outros - o do Bisavô deste blogger, Arthur Vieira Barbosa (Serzedello). Nascido em 1879 - sétimo filho na ordem de nascimento dos filhos do referido José Joaquim Barboza Serzedello e de Olívia Cunha Vieira - e que tendo ido para o Rio de Janeiro onde se estabeleceu com a Farmácia Moderna (farmácia e artigos hospitalares), nos planos civil, comercial, e administrativo passou a ser Arthur Vieira Barbosa Serzedello, com toda a legitimidade, dado ser esse o apelido paterno. Em 1909 nasceu a sua filha Antónia Amélia, cuja certidão identifica (3ª Circunscrição do Registo Civil) como Antónia Amélia Rodrigues Vieira Barbosa. Volta, portanto, a ser omisso omisso o apelido Serzedello). Tendo esta, apesar da nacionalidade Brasileira, vindo para Portugal após a morte dos pais, casou, viveu e faleceu cá ( em Amares) e ninguém mais na sua linha de descendência - uma filha e seis netos - teve o apelido Serzedello (Serzedelo, após o acordo ortográfico da 1ª República).
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VMOliveira

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