sábado, 31 de dezembro de 2022

A família Serzedello - Serzedelo

I

Origem e significado de "Serzedelo" (Serzedelo, Cerzedello) 

1. é um apelido, ou sobrenome, de origem portuguesa e "tomado" de um topónomo em finais do séc. XVIII por um pequeno grupo de  famílias oriundas de duas paróquais e freguesias do que é hoje o concelho da Póvoa de Lanhoso, designadamente [São Pedro de] Serzedelo e [São Tiago] de  Fonte Arcada [1]- os desta em menor quantidade, aliás, será apenas uma família a partir do Séc. XIX [3]

2. Enquanto topónimo, a palavra virá do latim cercetellus, que significa carvalhal, ou souto, evoluindo depois e sucessivamente para Cerzedello, Serzedello e finalmente, Serzedelo. Não custa muito aceitar esta explicação porque, de facto, os topónimos foram sendo atribuídos ao longo dos séculos quer pelas caraterísticas orográficas e geográficas do local a designar, quer pelas suas funções mais importantes para as populações, e daí a quantidade de localidades chamadas de Parada, de Portela, de Ponte de (Ponte de Lima, Ponte da Barca, Ponte de Sor, etc.) de Carvalhal e Carvalhais, de Couto e Souto d'isto e Souto daquilo, Albergarias, Caldas, etc.

II

Após alguns anos de recolha - e consolidação - de dados, não restam dúvidas de que, respetivamente,
- A Família Serzedello - Serzedelo que logo no início do Séc. XIX ganhou visibilidade na vida económica, administrativa e também cultural em Lisboa e no Brasil é uma e mesma, 
- são os Pereira de São Pedro de Serzedello hoje, concelho da Póvoa de Lanhoso e ao tempo (Séc. XVII), Couto de Serzedello da Ribeira de Soaz;
- na Diocese de Braga havia - de há - outra freguesia e paróquia Serzedelo, Santa Cristina de Serzedello, concelho de Guimarães, 
- mas pode afirmar-se com absoluta certeza de que não provêm desta nenhum dos membros desta vasta família,
- ao ponto de se poder dizer também com segurança que todos e todas estes e estas Serzedello - Serzedelo de apelido - ou sobrenome - [2] que surgem em Portugal e no Brasil em finais do séc. XVIII e depois em todo o séc. XIX, 
      a) são a e da mesma família, os Pereira [4], cujo berço foi, ao longo de cerca de 3 séculos, o Lugar de Cima de Villa / Cima deVila,
      b) e são todos - somos todos - consequentemente, primos!

[1]Fonte Arcada é a terra da famosa Maria da Fonte e Maria da Fonte, por sua vez, não se referirá a uma pessoa particular e concreta, antes designará o grupo de mulheres de Fonte Arcada, as amas de leite que em 1846, num primeiro momento de revolta de raiz verdadeiramente popular,  se insurgem contra o então  presidente da Câmara - que até Camilo Castelo Branco apoiava e elogiava - e que ato contínuo e já com a participação de forças políticas locais, evoluiria para a Revolução do Minho ou Revolução da Maria da Fonte e desaguou n'A Patuleia;


Maria da Fonte Maria da Fonte por Roque Gameiro, 1917

[2] - já em finais do Séc. XIX, no Brasil e sobretudo nas regiões/estados ou locais onde socio-politicamente davam nas vistas vários Serzedello - Inocêncio Serzedello Corrêa, político e militar muito ligado à primeira república, Randolpho Pereira Serzedello, médico e farmacêutico e Diretor de Saúde no Pará, Féliz José Pereira Serzedello, vice-consul também no Pará, Bento José Barbosa Serzedello no Rio de Janeiro e outros Serzedelloe graças à liberdade com que no Brasil se podiam atribuir nomes próprios, surge um fenómeno curioso, começaram a aparecer  nos registos de nascimento indivíduos Serzedello como nome próprio,

[3] - e por outro lado, já quase em 1900, uma outra família com raízes em S.P. de Serzedelo e Fonte Arcada (PVL) viria a atribuir-se também o apelido (Serzedello - Serzedelo (também a desenvolver adiante) e ficaram conhecidos na Póvoa de Lanhoso como "Os Serzedello de Fonte Arcada".
Ora estas duas exceções são isso mesmo, exceções que confirmam a regra e o que se afirma acima.

[4] - é um fenómeno para o qual ainda se não encontrou a explicação, ao longo de quase 4 séculos, ou quase 400 anos, este foi o apelido que "passou" para os descendentes, independentemente de ser da(s) mãe(s) ou do pai, num pais e numa cultura marcadamente patriarcais e cujos apelidos dos descendentes é quase sempre o paterno. 

III

As principais fontes das pesquisas genealógicas são, necessariamente, os Registos Paroquias. Infelizmente, relativos à paróquia de São Pedro de Serzedello, apenas se encontram registos a partir de 1642 (1642/1911) e com base nestes registos, temos as seguintes gerações em Cima de Villa,

1ª geração, nascidos nas primeiras décadas de 1600, Isabel Pereira (de Parada de Bouro), casada com Lucas Rodrigues; este casal teve pelo menos quatro filhas destacando-se a "matriarca" da 

2ª Geração, na segunda metade de 600, Josefa Pereira, casada com João Álvares, casal que teve também vários/as filhos/as, destacando-se o "patriarca" da 

3ª Geração, no início de 700, Domingos Pereira, casado com Rosa Carvalha; São os filhos deste casal que vão dar início à diáspora [5] dos Serzedello, do Minho para Lisboa e para o Brasil;
[3] - o termo diáspora não surge aqui apenas em sentido figurado: por um lado, o apelido Pereira é um dos muito apelidos dos judeus portugueses; por outro lado, há no agir desta família  - certas peculiaridades - qualquer coisa muito comum às comunidades judaicas. Não havendo nada até agora que legitime essa conclusão, inclinamo-nos para a possibilidade de que se tratasse de uma família de origem judaica.

Marcaríamos a 
4ª Geração, quer com Maria Josefa Pereira [Serzedello], que casou em Serzedelo (Cima de Vila) com Manuel António Gonçalves em 1784, 
              quer com o seu irmão João António Pereira Serzedello que, com outro irmão, Domingos José, terão sido os primeiros a ir para Lisboa ;

Do casamento de Maria Josefa e Manuel António Gonçalves nasceram (pelo menos) cinco filhos/as e nenhum deles ficará em Serzedelo; são a

5ª Geração, do último quartel de 700, da qual quatro dos irmãos vão para Lisboa,
 e uma para Caires Amares:
- Luiza Maria Pereira Serzedello, que casaria na primeira década de 800 com o seu tio João António Pereira Serzedello
- António José Pereira Serzedello, que casaria em 18xx com Ana Margarida Rebelo, 
- José António Pereira Serzedello, que casaria em xxx com Maria da Natividade Fogaça,
- António Joaquim Pereira Serzedello, que casaria em XXXX em Lisboa com Ângela de Jesus Caleia e que, tendo desta enviuvado, casaria em segundas núpcias com Maria dos Anjos Marques, e
- Mariana Cândida Pereira Serzedello, que casou para Caires, Amares, com Manuel José Barbosa.

[5] - o termo diáspora não surge aqui apenas em sentido figurado: por um lado, o apelido Pereira é um dos muito apelidos dos judeus portugueses; por outro lado, há no agir desta família  - certas peculiaridades - qualquer coisa muito comum às comunidades judaicas. Não havendo nada até agora que legitime essa conclusão, inclinamo-nos para a possibilidade de que se tratasse de uma família de origem judaica.
...

 "(...) o meu avô chamava-se Antonio Luiz Serzedelo , nao sei os outros sobrenomes; é português. O meu pai chama-se Pedro Luiz Duarte Silva Serzedelo de Almeida" (...)", 1º - porque ha TANTA gente com o sobrenome Serzedelo ou Serzedello, 2º, um amigo do cartório disse-me que muitos simplesmente acrescentam o nome Serzedello sem laços sanguíneos; pedi para ele verificar isso e ele me disse que ha um numero de pessoas com o sobrenome Serzedelo que seus antepassados nao eram Serzedelo, 3º, onde permenece o nucleo da familia, digamos assim, quem é realmente Serzedelo(ll), arriscando respostas mas não conclusões, e atento o facto de que muitos contributos de resposta já estão e outros mais virão a estar nas publicaçãões deste blogue, (sobretudo no que respeita à enorme quantidade de indivíduos Serzedello - Serzedelo),

    -   Serzedello de Almeida e Serzedello Dentinho de Almeida são, de facto, descendentes dos Pereira Serzedello, uns ficaram cá, outros no Brasil. A "prima" (e avó) Manuela Netto Rocha tem este(s) ramo(s) muito bem estudados na sua árvore genealógica que pode ser encontrada tanto no My Heritage como no/a Geni; há muita gente com o sobrenome Serzedello tanto cá como lá porque eram famílias "profícuas", muitos dos descendentes rumaram em força para o Brasil ao longo de mais de um século, onde se foram radicando (os Serzedello não cumprem o padrão do chamado Brasileiro de Torna Viagem) pelo menos ao longo de 80 anos onde, uns atrás dos outros, foram criando os seus negócios. Tampouco acredito que houvesse quem colasse o apelido Serzedello na sua cédula, sem mais, perlo contrário. São muitos os casos de Serzedello - Serzedelo que perderam o apelido e nem temos como saber, apenas se conhecem alguns casos porque publicam a sua genealogia (é o caso da família SIlveira - Villa-Lobos, por exemplo). Estou em crer que os tais Serzedelo que o amigo do Cartório lhe referiu como apossando-se do apelido sem laços de consanguinidade se inscrevem na exposição da publicação abaixo.

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